27.7.05

CORONÉIS E VIRA-LATAS

Nos tempos das patentes compradas, da Guarda Nacional, reinava em Gameleira do Assuruá o Coronel Reginaldo, chefe político, contando grande número de correligionários, mas também muitos adversários, dentre os quais o mais intransigente e radical era o fazendeiro Galdino, proprietário da Fazenda Tanque, onde residia, a poucos quilômetros de Gameleira.

Naqueles tempos não havia estradas de rodagem naquelas plagas, sendo as viagens feitas em montarias, de preferência burros e mulas, com mais resistência para as estradas de serras.

Certo Promotor Público da Comarca de Xique-Xique, jovem nascido e educado na capital, teve de fazer esse tipo de viagem, acompanhado por um amigo, conhecedor de toda a região do Assuruá, de Xique-Xique a Gentio do Ouro. No primeiro dia de viagem pernoitaram na Fazenda Tanque, Na residência do Sr. Galdino, amigo do companheiro do Promotor. Feita a apresentação, o fazendeiro, apertando a mão do Promotor, falou:

- Muito prazer, seu coronel.

O jovem bacharel, não conhecedor desse tipo de tratamento, ponderou:

- Perdão, Sr. Galdino, eu não sou coronel, sou Promotor Público da Comarca de Xique-Xique.

O fazendeiro retrucou:

- Não se importe, não, meu filho, eu chamo todo cachorro de coronel, pra desmoralizar o Reginaldo.

3 comentários:

Bródi "Tom" Negão" disse...

Parafraseando Galdino, há quem prefira dirigir-se aos desafetos com o respeitoso tratamento de "excelência" ou "nobre parlamentar", com o claro propósito de enlamear reputações.

Anônimo disse...

Amigo querido,
muito em lembbrado o conto nessa hora de crise política. Nas CPIs, aparentemente, as coisas mudaram. Assim é se lhe parece - o problema é que não se fala mais assim coronel..etc. Porém, os erros cometidos contra a língua portuguesa são fatais.

Francisco Pimentel de Meirelles disse...

Oi meus queridos, é isto aí, não podemos nem sensurar o velho Galdino quando temos um Sivirino Cabra da Peste na presidência da Câmara.Saúde e paz.