9.4.06

Padre Pedro ou Água mole em pedra dura...

Ao Flávio.

Antigamente, no interior da Bahia, pouquíssimas cidades dispunham de Padre. Uma vez por ano, ocorriam as "DESOBRIGAS": O padre de determinada paróquia visitava certo número de cidades, vilas, povoados, assistindo suas ovelhas, celebrando casamentos e batizados, viajando em lombo de burro, com um "CAMARADA", espécie de pajem que se encarregava de conduzir a besta que carregava um par de malas com os paramentos e demais utilidades para os trabalhos do padre, desempenhando também o mister de sacristão.

Padre Pedro era pároco em Brotas e prestava assistência à minha pequenina Santo Inácio, onde era hóspede do meu saudoso pai que adorava recepcionar os seus amigos, hóspedes e fregueses com uma "ABRIDEIRA", como ele designava uma dose de boa caninha.

Quando da primeira hospedagem de Padre Pedro na residência dos meus pais onde era localizada sua casa comercial, logo que o camarada terminou seus afazeres - desarrear os animais e mandá-los para o pasto, colocar as malas no aposento do padre - meu pai chamou-o para a tradicional "abrideira" que o camarada/sacristão aceitou com muito gosto. Após saborear uma segunda dose, meu pai perguntou-lhe:

- E o padre, bebe?
O camarada respondeu-lhe: convide-o.

Segue-se então o seguinte diálogo:

- Padre Pedro, aceita tomar uma abrideira?
- Não, seu Pimentel, obrigado, eu não bebo.
- Não faz mal não Padre, pra rebater o sol.

Houve mais umas duas ofertas e outras tantas recusas mas finalmente o bom Padre pegou o copo, degustou a caninha com gosto como qualquer bom consumidor e fez o seguinte comentário:

- Seu Pimentel, o Sr. obriga até as pedras.

É isso aí, Flávio, qual o meu querido pai, você obriga até as pedras...

14 comentários:

Anônimo disse...

Ora, Sr. Francisco, tenha certeza que se não conhecessêmos a qualidade, não insistiríamos...
(no final ficamos todos alegres: seu pai, o padre e eu - e de quebra ainda o camarada e os demais leitores)

Anônimo disse...

Digo: conhecêssemos

Francisco Pimentel de Meirelles disse...

Muitíssimo grato Flávio, pelo simpático incentivo. Saúde e paz.
Chicão

Bródi "Tom" Negão" disse...

O padre se fez de rogado. Homem discreto, sem dúvida. Já o Padre Pinto, baiano espetaculoso como ele só, não apenas aceitaria de primeira, como sugeriria, depois da quinta ou sexta dose, uma esticada até o "dancing", se um houvesse em Santo Inácio. Mas duvido que o hospitaleiro Pimentel corresse o risco de oferecer uma abrideira para um cabra tão "desinibido" quanto o Padre Pinto.

Francisco Pimentel de Meirelles disse...

E quem é o Padre Pinto? Existe de fatoounãopassa de imaginação de bródi negão?
O Padre Pedro, como todos os meus personagens é "vero". Saúde e paz.
Chicão.

Bródi "Tom" Negão" disse...

Como não sabe quem é o Padre Pinto? Aquele mesmo que celebrou missa, dançando ponto de macumba e vestido de pomba-gira. Ou seria o contrário? Bem, o fato é que o sujeito mais parecia um destaque de escola de samba, e era o titular, há anos, de uma tradicional paróquia de Salvador.

Bródi "Tom" Negão" disse...

Chicão, atualiza o blog, sÔ!

Bródi "Tom" Negão" disse...

9 de abril, data do último causo. qunado virão outros?

Anônimo disse...

Francisco, chego cá através do Bródi. E que bom tê-lo feito! Parabéns. Coloco teu blog nos favoritos. Te convido a dar uma passadinha aqui: http://marconileal.zip.net/. Abração!

Anônimo disse...

Ué, vou ter de me apressar em obrigar pedras, novamente?

Estamos sequiosos.

Kafé Roceiro disse...

Muito bom!

Anônimo disse...

Que bom descobrir um blog gostoso como o seu. Voltarei sempre.

Claudia disse...

Oi Francisco,
Nossos blogs são "xarás" então resolvi vir fazer uma visitinha... estou adorando.
Um abraço!

Anônimo disse...

E o próximo causo, quando sai?