A romaria ao Bom Jesus da Lapa acontece há muitos anos; em tempos remotos, os sertanejos faziam-na a pés, por força de promessa e também por falta de recursos. Reuniam-se, de ordinário, nessa penitência, várias famílias que aproveitavam a oportunidade para a realização de batizados e casamentos, em face da falta de padres no meio rural em que viviam, mesmo nos povoados e vilas adjacentes.
Certa feita, várias famílias residentes em lugarejos do então Distrito de Jordão de Brotas, ora Município de Ipupiara, empreenderam essa peregrinação. Na Cidade da Lapa, depois das homenagens ao Milagroso Bom Jesus, batizaram inúmeros pagãos e realizaram dois casamentos.
No retorno às sua moradas, no primeiro dia de viagem, pernoitaram numa fazenda, numa Casa de Farinha. Noite escura como breu, sem lua, sem uma única estrela no céu, não se enxergava um palmo à frente do nariz. Ao romper da aurora (desconheço a razão do equívoco), ao despertarem, os nubentes se surpreenderam ao encontrarem ao seu lado a noiva que não era a sua. Ao procurarem fazer a "destroca", um dos noivos não concordou e só a muito custo persuadiram-no, dando-lhe de vantagem uma espingarda pica-pau e um rolo de fumo de corda.
Esse fato me foi contado por minha mãe, que ouvira em sua terra natal, Gameleira de Brotas, hoje Ibipetum, como verídico. Muitos anos depois, em Lençóis, o saudoso José Benício de Matos, então Prefeito do Município de Wagner, asssegurou-me haver conhecido um dos noivos, nos garimpos da Chapada Velha, já velhinho, quase centenário, mas ainda lúcido para recordar-se da aventura.
Certa feita, várias famílias residentes em lugarejos do então Distrito de Jordão de Brotas, ora Município de Ipupiara, empreenderam essa peregrinação. Na Cidade da Lapa, depois das homenagens ao Milagroso Bom Jesus, batizaram inúmeros pagãos e realizaram dois casamentos.
No retorno às sua moradas, no primeiro dia de viagem, pernoitaram numa fazenda, numa Casa de Farinha. Noite escura como breu, sem lua, sem uma única estrela no céu, não se enxergava um palmo à frente do nariz. Ao romper da aurora (desconheço a razão do equívoco), ao despertarem, os nubentes se surpreenderam ao encontrarem ao seu lado a noiva que não era a sua. Ao procurarem fazer a "destroca", um dos noivos não concordou e só a muito custo persuadiram-no, dando-lhe de vantagem uma espingarda pica-pau e um rolo de fumo de corda.
Esse fato me foi contado por minha mãe, que ouvira em sua terra natal, Gameleira de Brotas, hoje Ibipetum, como verídico. Muitos anos depois, em Lençóis, o saudoso José Benício de Matos, então Prefeito do Município de Wagner, asssegurou-me haver conhecido um dos noivos, nos garimpos da Chapada Velha, já velhinho, quase centenário, mas ainda lúcido para recordar-se da aventura.
3 comentários:
Olha aí o Chicão de volta; e em grande estilo. Ótimo causo. E então, a "vantagem competitiva" da noiva trocada equivalia a uma "espigarda pica-pau e um rolo de fumo de corda"? Bem, talvez o acordo não deva ser explicado nesses termos.
Conheci Bom Jesus em 1976, quando naveguei o "Velho Chico" em barco movido a lenha. Bons tempos. Ah, e sabe que fui a Xique-xique?
Esse caso tem uma "cousa" que pergunta: no tempo em que uma mulher valia uma espingarda pica-pau e um rolo de fumo, quanto valia um homem?
Oi meus caros.Grato pela visita.Quanto ao valor do homem naqueles velhos tempos, naquele setãologínquo, francamente, não sei ao certo. Creio que dependendo da "figura", poderia valer um roçado de tabaco ou um rolete de fumo de corda para meia duzia de cigarros de palha. Saúde epaz.
Postar um comentário