30.6.05

Enchente dos Lobos

Janos, filho caçula da viúva Zuzu, tinha o apelido de ENCHENTE DOS LOBOS, mas só os seus amigos mais íntimos, dificilmente, arriscavam nomeá-lo.

Consta que em certa noite tempestuosa de quarto minguante, no garimpo Lobos, Anacleto, cunhado de Zuzu, "com a escrita atrasada", aproveitou-se do "toró", do negrume da noite e da ausência do marido de Zuzu - o qual fora à vila com os dois filhos do casal - para fazer uma visita à cunhada solitária. Entrou e encontrou-a dormindo. Agasalhou-se sobre o seu corpo que se encontrava vestido com a camisola com a qual veio ao mundo e... crau!

Zuzu, despertando, lamentou: "Cumpade Anacleto, meu cunhado, meu cumpade, que horror!".

Anacleto: "Se você não quer, eu tiro".

Zuzu: "Não, cumpade, pra livrar de queixa e reixa, já tá dentro, deixa".

Nove meses depois, veio ao mundo Janos, que em nada lembrava os seus dois irmãos, mas era a cara de Anacleto.

28.6.05

Zé Touro e Roxa

Enquanto Zé Touro passava a semana na serra, nos garimpos de Lençóis, comendo o pão que o diabo amassou, Roxa, sua companheira, ficava na cidade, transando adoidado, com quem topasse, como se costuma dizer no interior, com gatos e cachorros, sendo, de há muito, do domínio público tal sem-vergonhice.

Um seu companheiro de garimpagem, revoltado, resolveu abrir-lhe os olhos e contou-lhe o que toda Lençóis sabia. Depois de ouvir pacientemente, o manso e compreensivo devoto de São Cornélio respondeu-lhe:

- Quem quer pra si só, faz de barro.

Festa de Arromba em Lençóis

A inauguração da casa de chácara do querido e saudoso Paulo Barbosa foi uma festa marcante na cidade de Lençóis. Bebidas finas e iguarias deliciosas, preparadas por um cozinheiro vindo da cidade vizinha de Andaraí, um boiola.

Estive lá com os cinco filhos que tinha na época e recebemos calorosa e acolhedora recepção.

O meu caçula de então, José Henrique (Zeínho), deve ter adorado os doces e salgadinhos e deve ter ouvido alguém falar que o mestre-cuca era veado: alguns dias depois do evento, em nossa casa, ele me abordou:

- Paínho, por que você não compra um veado, para fazer a nossa comida?

24.6.05

Zé Caixeta de Maus Bofes

Nas pequenas localidades do interior baiano, dificilmente as pessoas são designadas pelo nome de família; nomeiam-nas com apelidos, muitas vezes depreciativos e quase sempre seguidos do nome de um "DONO": Henrique Caga Mole, Chico Prego Lorde, Sinhô de Pimentel, etc.

Alguns desocupados são grandes inventores de "DITADOS" (ditos populares), de ordinário, sem origem, sem lógica. Em Santo Inácio, o maior autor desses DITOS foi Seu Nilo; dentre suas criações, lembro-me de uma que consistia em perguntar às pessoas se já fora soldado (militar).

Certa feita, no garimpo Mangabeiras, Aurélio Curimatá achou de fazer tal indagação ao velho Zé Caixeta que passava com um carumbé (ou calumbé) de cascalho às costas:

- Seu Zé Caixeta, o senhor já foi soldado?

Puto da vida com a dureza do seu trabalho e com o apodo "CAIXETA", que abominava; confundindo policial com o verbo soldar; o velho explodiu:

- Quem foi soldado foi tua mãe, fidumaputa, bem no cu pra não cagar.